quarta-feira, 12 de julho de 2023

O dia que Adriano trouxe o Pé de Pano para passear no Condomínio ficou na história.

Certo dia, por volta das 7 da noite, Adriano me chamou no portão perguntando se ele podia deixar o seu Cavalinho ali na praça, porque o Ademar não queria deixar o bichinho dormir na garagem.

Meio perplexo, ainda sem saber do gosto que aquele menino Adriano já nutria por animais, imaginei que ele estivesse falando de um cavalinho de brinquedo, daqueles que muitos de nós tivemos quando criança.

Só após ouvir a algazarra da criançada na praça, resolvi sair pra ver o que estava acontecendo. Foi aí que me dei conta de que o tal bichinho que o mnino Adriano amarrara na praça não era bem o que eu havia pensado, pois era um Cavalo de verdade, muito bonito e que dei o nome de Pé de Pano.

Em meio à criançada animada em volta do Pé de Pano, percebi que alguns vizinhos que passavam e também os que estavam em seus portões olhavam com ar de reprovação ao verem um Cavalo no Condomínio, mas nem dei bola, apenas chamei o Adriano e disse a ele que eu só ia deixar o Pé de Pano passar a noite ali, depois ele ia ter de dar um jeito de levá-lo embora.

Meio entristecido, já com lágrimas nos olhos, o menino Adriano se aproximou de mim com a garotada em coro de: Deixa! Deixa! Deixa! e, contra argumentando disse-me:

"Poxa. Meu Cavalo é bonzinho, vai até ajudar o Sr Carlinho na limpeza da praça. Como o Sr pode ver, ele já até começou a trabahar, já comeu quase todo mato da praça que estava alto e amanhã a grama estará aparadinha".

Eu já até estava animado e tendente a ceder os insistente apelos dos meus filhos Daniel, Gabriel e Raquel, que junto aos amiguinhos Jonathas, Rafael, Herivelto, Dandinho, Dieguinho, Aline, Any, Patrícia, Daniela, Ruana e outras meninas que não sei se posso citar os nomes, integravam o coro do Deixa! Deixa! Deixa!, até que eu cedi.

Confesso que eu já estava gostando do Pé de Pano e não queria vê-lo ir embora, não era exatamente pelo trabalho de capina que ele nos fez economizar algum dinheiro do caixa, mas eu tinha um belo plano para ele, já que estávamos às vesperas do natal.

Meio confuso, ante os olhares de reprovação de alguns vizinhos, concordei que o Pé de Pano ia ficar, até que alguém viesse reclamar, o que não durou muito e a fofoca começou a rolar, foi então que um vizinho veio me pedir providências dizendo que era pra parar com o disse me disse.

No dia seguinte, antes de eu expor a situação ao Ademar que já sabia das críticas, Adriano veio a mim e falou que já tinha encontrado uma solução e que a alternativa era a de colocar o Pé de Pano lá no Terreno, onde ele passou um ótimo fim de semana se fartando daquele mato verdinho e recebendo o carinho das crianças, depois foi levado embora para um determinado sítio.

Adriano que era um menino calado, sempre na dele, passou a ser o ídolo da garotada e hoje em dia, tal como o Pai Ademar, todos se orgulham de tê-lo como amigo, não pelos momentos que nos proporciona em seu Sítio, mas pelo coração acolhedor que tem.

Anos depois, já adulto e com família constiuída, Adriano mudou-se para o Sítio onde vive e, para alegria de todos, anualmente, junto à esposa Renata, vem franqueando o local para os Encontros de Confraternização dos Amigos do Condomínio, inclusive alguns daqueles que reclamavam da presença do Pé de Pano no Condomínio.

Muitos não sabem e outros não devem lembrar, mas o Pé de Pano foi um dos primeiros colaboradores, mais eficientes dessa Comunidade, em apenas uma noite, ele aparou a grama da praça e baixou o capinzal lá do terreno fudo em troca de sua alimentação que era à base de capim com água servida pela garotada.

Portanto, na próxima vez que algum de vocês forem em um Evento no Sítio do Adriano e ver um lindo Cavalo, não equeçam de reverenciá-lo, pois estará agradecendo e homenageando o nosso querido Pé de Pano que acredito ainda mora por lá.

Eu mesmo, da última vez que estive lá no Sítio do Adriano, com a família, numa das últimas confraternizações, passeando com meus netos Enzo e Miguel, me aproximei de um dos Cavalos e contei para eles a história do Pé de Pano. Eles adoraram.

Se você não tiver uma história para contar aos seus filhos e netos, não perca essa oportunidade. Se for preciso, invente uma estória baseada na história do Pé de Pano. Estou certo de que eles vão gostar muio e, quem sabe, vão até falar:

Volta Pé de Pano! Volta Pé de Pano! Volta!

por Sergio Nunes
em 12/06/23








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