quinta-feira, 22 de junho de 2023

O Cara que lembra que "Junho" não acabou.

Num certo dia de março de 1964, "O Cara", ainda menino,  foi acordado pela mãe para acompanhá-la num Comício na Central do Brasil onde ela disse que queria ouvir o que o Brizola e o Jango iam falar  sobre a democracia e a ditadura.

Aos 9 anos de idade, aquele menino não tinha a mínima idéia do que se tratava. Ele achava que "democracia e ditadura" eram duas mulheres que brigavam e aqueles homens iam apartá-las.

Ao chegar na Central, o "Cara", em meio aquele mundo de gente e uns homens falando pelos cotovelos no palanque, o tal Brizola anunciou que o Jango ia falar. Pasmem! Esse Jango era o João Goulart, o Presidente do Brasil que o menino ouvia falar na escola.

O "Cara" que era um bom menino guardou na memória um trecho do discurso do Presidente Jango que nunca esqueceu e que reproduzo a seguir:

 _"Todos têm o direito à liberdade de opinião e de manifestar também sem temor o seu pensamento. É um princípio fundamental dos direitos do homem, contido na Carta das Nações Unidas, e que temos o dever de assegurar a todos os brasileiros"._ 

Na volta pra casa, o "Cara" queria saber quem era aquele Brizola que parecia ser o chefe do Presidente, falava bem e, dali em diante, seria seu ídolo.

Afinal!

Quem é esse "Cara" que, após o grande discurso do Jango na Central do Brasil, tornou-se fã do  Brizola e passou a tê-lo como seu ídolo?

Anos após aquele discurso, agora entre 1968 e 1969, já adolescente, trabalhando no Centro do Rio, o "Cara" pediu à sua mãe para encontrá-lo na Galeria do Comércio (na Av. Rio Branco Banco 120), para assinar a papelada de abertura de sua primeira conta bancária. Naqueles dias, estava acontecendo grandes manifestações no local contra o que dizíamos ser a ditadura da chamada época dos anos de chumbo.

Ao sairem do Banco, mãe e fiho, foram surpreendidos com uma rigorosa repressão da Polícia do Exército. Era bomba de gás lacrimogênio, estocada e borrachada pra todo lado, contra o povo que gritava efusivamente: "Abaixo a Ditadura"! Abaixo a Ditadura!

Enquanto o "Cara" queria sair logo dali, a mãe o puxava para dentro da passeata também aos gritos de "Abaixo a Ditadura". Em meio à cacetada comendo solta, a mãe tranquilizava o filho dizendo: "Filho vamos até o Calabouço que tenho uma amiga lá. Comeremos alguma coisa, esperamos a situação melhorar e vamos embora. Tá bom mamãe, respondeu o adolescente que coçava os olhos lacrimados pelo o gás que pairava no ar.

Ao chegarem no Calabouço, a PE recuou e a repressão ficou por conta da PM que já estava baixando a porrada nos estudantes da Uni que lá estavam (comemorando o sucesso da Passeata dos 100 mil de 26 de junho) e só pararam quando o pessoal da Rio Branco chegou e foi enchendo o local, até que tudo se acalmou e o "Cara" seguiu com a mãe rumo à casa de uma tia em Santa Tereza.

Era exatamente em Santa Tereza que a turma da Sra. que foi Presidanta do Brasil havia assaltado a Casa da namorada de um ex Governador de São Paulo de nome Ademar de Barros, considerado um dos maiores corruptos de São Paulo, que estava em viagem pela França e lá morreu.

A partir daí, o "Cara" já adolescente, começou a desconfiar de alguns dos ídolos, a maioria artistas, que incentivavam sua participação nos movimentos sociais, enquanto eles se beneficiavam dos atos daueles que ficavam livres para praticarem roubos, invasões a quartéis e todo tipo de terrorismo.

Somente em 1980, aos 25 anos de idade, esse "Cara" ingressou na faculdade de direito e tinha como meta lutar pela preservação do Estado de Direito, principalmente os direitos sociais que estavam em frangalhos, pois já havia percebido que seus ídolos, em verdade, ao invés de lutar pelo povo, só queria se locupletar da sua consciência política e o que mais faziam era praticar atos terroristas.

Mesmo ciente disso, aos 29 anos de idade, ainda fã do Brizola (que nada tinha a ver com esse que está aí maiq uma vez no Poder), em abril de 1984, o "Cara" que à essa altura já era pai de dois filhos, compareceu com os amigos  da faculdade à Candelária e participou das "Diretas Já", aquele que foi considerado o "maior movimento político da História do Brasil entre o ano de 1984 até 2015.

Em 1989, agora com três filhos, morando em Copacabana (próximo ao apto do Brizola na Xavier da Silveira com Atlântica), num dia de praia, o "Cara" foi alertado de que seu ídolo estava na sacada do apto fazendo discurso.  Foi lá que o "Cara" ouviu diretamente do Ídolo a célebre fraze que ficou na história: "A política é a arte de engolir sapo e eu vou ter que engolhir esse sapo barbudo", em referência ao apoio a esse político que voltou ao Poder e que muitos o chamam de descondenado.

Somente em 2010, foi que o "Cara" se conscientizou de que a candidata a Presidente e toda a sua corja não valia o que o gato enterra e, ao pesquisar na internet, o "Cara" confirmou que, enquanto ele e a mãe gritavam Abaixo a Ditadura (lá em 1968/1969), em troca das borrachadas da PE e com os olhos lacrimejando, a tal que virou Presidanta e seus cupixas  andavam assaltando bancos, quartéis e residências para ajudar os amigos que se auto exilaram na europa e em outras regiões.

A partir daí, ciente da precária condição condição política, econômica e financeira que os sucessivos governos que se diziam socialistas deixaram o país, o "Cara" acredita que  acordou a tempo e, hoje, até compreende que quem não passou pelos caminhos tortuosos que ele passou, realmente, não consegue avaliar as manobras políticas que até hoje vem influenciando o pensamento político de grande parte do povo que continua sendo enganado.

Agora, idoso, aos 68 anos de idade (59 anos depois - 1964 a 2023), foi que o "Cara" teve a oportunidade de retornar à Central do Brasil, junto aos verdadeiros Patriotas, reunidos em frente ao Quartel General; para correr o risco de protestar pela preservação do Estado de Direito e a manutenção da democracia que considera ter ajudado a construir e que, na atualidade está ameaçada de ruir com a complacência daqueles lá já citados.

E então! 

Quer saber quem é esse cara que viveu isso, mas, que somente após o ano de 1985 foi que entendeu o real significado do Direito à Liberdade de Expressão e de Manifestação do Pensamento, previstos na Constituição Federal e na Carta das Nações Unidas?

Eu te falo quem é: Esse cara sou Eu!

Se ainda assim, se alguém questionar sobre o que isso tem a ver aqui, também respondo: 

Hoje é 22 de junho de 2023, o dia que vai ficar na história!

Como dizia o Slogan do extinto Jornal do Brasil, aquela época: Quem lê, sabe mais!

Saudações!

Sergio Nunes, em 22/6/23.

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